Você sabia que existem mais de 120 espécies distintas de café mundo afora, cada uma com suas próprias características e particularidades? A diversidade de espécies ao redor do mundo contribui para a riqueza da cultura do café e das preferências individuais dos apaixonados pela bebida.

No Brasil, duas dessas espécies se adaptaram muito bem: o café robusta (Coffea canephora) e o café arábica (Coffea arabica). Essas variedades diferem em termos de sabor, aroma, teor de cafeína e até mesmo nas condições ideais de cultivo.

Enquanto o robusta é conhecido por sua resistência e sabor mais forte, o arábica é apreciado por sua complexidade de sabores e aroma suave. Neste artigo, você vai conhecer melhor o café robusta.

Arábica e Robusta: Qual é a diferença?

Diferença entre café arábica e café robusta. Imagem: Valentinarr de Getty Images - Canva.

No dia-a-dia, quase ninguém nota o tipo de café que está consumindo. Afinal, o café de supermercado já vem torrado e moído.

Ele costuma ser café 100% arábica, espécie que domina mais da metade da produção nacional atualmente. Mas, com o sabor completamente mascarado pela torra excessiva, é bem mais acessível e com menor complexidade que os cafés especiais.

No entanto, o café feito com grãos frescos, torrados e moídos em casa é completamente diferente. Nesse caso, dá para sentir no paladar as diferenças entre o café arábica e o café robusta.

Café robusta: Amargor e potência

O café robusta é conhecido por ser resistente a doenças, oferecer maiores rendimentos de produção e por seu teor de cafeína mais elevado (entre 1,7% e 4%). Além disso, o teor de açúcar presente nos grãos do robusta é menor que o encontrado no arábica, resultando em uma bebida com sabor mais forte e amargo.

Café arábica: Suavidade e dulçor

Por outro lado, o café arábica é apreciado por suas nuances de sabor complexas, aromas variados e teor de cafeína mais baixo (entre 0,8% e 1,4%).

Seus grãos tendem a produzir uma bebida suave e adocicada, muitas vezes com notas de frutas, flores e acidez delicada. Sem falar na diferença visual entre os grãos. O arábica possui uma forma alongada, enquanto o robusta é ligeiramente mais arredondado, como você pode conferir na imagem acima.

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Café Robusta – Conheça as principais características da espécie

Grãos de café robusta torrados. Imagem: Aan Nugroho de Getty Images -  Canva.

Entender as principais características do café é o primeiro passo para apreciar da melhor forma a bebida. O café robusta se destaca nos seguintes pontos: 

Os grãos de café robusta contêm um teor de cafeína mais alto em comparação com outras variedades. Por isso, o café costuma ter um sabor mais amargo e a bebida é mais encorpada.

A bebida produzida a partir de grãos de café robusta geralmente possui um sabor mais intenso e pronunciado. Quando você aprende a degustar o café, consegue sentir notas que podem incluir toques de amendoim, chocolate e nozes.

As plantas de café robusta são mais resistentes a doenças e condições climáticas adversas. Sendo assim, é a escolha mais popular entre os produtores para regiões com climas mais extremos.

O robusta se desenvolve em altitudes mais baixas em comparação com outras variedades, o que o torna ideal para regiões de menor altitude. Além disso, a espécie precisa de temperaturas mais altas e umidade para melhor produtividade.

A bebida de café robusta tende a ter um corpo mais pesado e uma crema espessa, aquela espuma que se forma durante o preparo de um café espresso. Como resultado, a xícara ganha uma textura rica, que preenche a boca.

Graças às suas características únicas, o café robusta desempenha um papel importante na indústria do café e é usado com frequência em blends para adicionar complexidade e intensidade aos cafés gourmet e especiais.

Exportações Brasileiras de Café Robusta

Saca de café brasileiro. Imagem: FabioBalbi de Getty Images -  Canva.

Hoje em dia, o Brasil ainda é o maior produtor de café do mundo. Sendo assim, a exportação do café brasileiro desempenha um papel significativo no comércio global de café. Na verdade, o país aproveita bem as condições climáticas favoráveis para o cultivo e tem bons resultados com a comercialização desse tipo de grão.

De acordo com a Embrapa, a exportação do arábica ainda é astronomicamente superior ao robusta, representando mais de 80% de todo volume comercializado internacionalmente. Ainda assim, o país exporta cerca de 1,5 milhão de sacas do café robusta anualmente, cobrindo pouco mais de 10% do total exportado.

O café robusta brasileiro encontra demanda em diversos mercados, especialmente no asiático, com destaque para países como Indonésia e Vietnã. Isso contribui para a economia do país e dá aos consumidores internacionais a oportunidade de desfrutar do sabor distinto dessa variedade.

Processos para o cultivo e colheita do café robusta

Grãos de café em caneca. Imagem: Negative Space de Pexels - Canva.

Apesar das plantas da variedade robusta serem bem resistentes a pragas e intempéries, o cultivo do café ainda envolve um processo cuidadoso e específico para garantir a qualidade dos grãos. 

Geralmente cultivadas em altitudes mais baixas, as plantas são cuidadosamente plantadas em solos bem drenados e requerem um clima quente e úmido para se desenvolverem da melhor forma. 

Após o plantio, os cuidados incluem a poda regular das árvores para promover o desenvolvimento saudável e a colheita adequada dos frutos. Isso envolve só retirar os frutos maduros quando a planta já está desenvolvida o suficiente para mantê-los distantes do solo.

Uma vez colhidos, os frutos são secos naturalmente ao sol ou em secadores industriais que agilizam o processo. O resultado é uma colheita de grãos de qualidade que, após serem secos e beneficiados, estão prontos para serem torrados e transformados na bebida rica e encorpada, característica do café robusta.

Como é feita a Classificação Oficial Brasileira (COB)?

Classificação 5 estrelas. Imagem: ChristianChan de Getty Images - Canva.

Existem diferentes certificações concedidas por diferentes instituições nacionais e internacionais. No Brasil, a ABIC classifica o café que chega às prateleiras dos supermercados.

Já a Classificação Oficial Brasileira (COB) visa precificar os grãos direto no produtor. Ela é realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e segue parâmetros rigorosos para determinar as características dos grãos.

Os cafés são avaliados em critérios como tamanho, cor, teor de umidade e defeitos presentes nos grãos. A classificação positiva concede ao produtor um selo que indica a qualidade do café, sendo essencial para a comercialização tanto no mercado interno quanto internacional. 

A escala é complexa e aponta as falhas dos grãos. Ou seja, quanto maior a pontuação, pior a qualidade do café. Através desse sistema, os consumidores têm a garantia de que estão adquirindo café de acordo com padrões de qualidade estabelecidos, enquanto os produtores têm a oportunidade de agregar valor aos seus produtos por meio da produção de cafés de categorias superiores.

Robusto até no nome

Como vimos, dos dois tipos de café produzidos no Brasil, o robusta é o mais intenso em sabor e mais resistente a doenças e mudanças climáticas. Apesar de ser produzido em menor escala, ainda assim é extremamente importante para o mercado cafeeiro. De fato, ele faz jus ao nome.