Qual o seu café preferido? Antes de responder a essa pergunta, é importante descobrir que tipos de café estão disponíveis para você experimentar. E isso nos leva a outra pergunta.

Por que é tão importante entender sobre os tipos de cafés que a gente encontra no mercado? Porque esse é o primeiro passo para quem quer melhorar a qualidade do café que consome em casa, no dia-a-dia.

São tantas as opções, que pode ser um pouco difícil para quem está chegando agora ao mundo do café fazer a distinção do que parece ser bom para o que realmente vale a pena.

Além disso, saber a diferença entre os grãos que você consome também vai te ajudar a escolher o que mais agrada o seu paladar.

Então, confira a seguir um pequeno guia sobre tipos de café e suas diferentes características.

Diferenças entre os principais tipos de café do Brasil

Mãos seguram grãos frescos de café. Foto: urf de Getty Images - Canva.

O que pouca gente sabe é que, apesar de termos duas espécies mais conhecidas e cultivadas, existem mais de 124 espécies de café no mundo.

Em primeiro lugar vem o arábica (coffea arabica), seguido pelo robusta (coffea canephora). Bem menos conhecido, em terceiro lugar está o Café Excelsa e seu cultivo se limita ao Sudeste Asiático. Mas esse café representa apenas 7% de toda a produção mundial.

O Brasil produz tanto o arábica quanto o robusta. E as mudanças que foram ocorrendo com cada uma das espécies ao longo do tempo se devem a alguns fatores, incluindo o terroir (pronunciamos terroar).

O que é terroir?

Quando falamos sobre os sabores e aromas do café, é preciso levar em conta o que é conhecido como terroir. Essa palavra francesa abrange um universo tão vasto que nem temos uma palavra em português para ela.

Terroir diz respeito a tudo que pode influenciar um fruto. Desde o tipo de solo em que o cafezal está plantado até o manejo que o produtor escolhe para processar os grãos.

Isso inclui fatores climáticos também, como chuvas, incidência de sol e frentes frias.

Ou seja, não existe uma colheita igual a outra. Porém, é possível prever o produto de acordo com os dados que o produtor já tem sobre o tipo de grão e do histórico da região.

Assim, os diferentes tipos de café produzidos no Brasil possuem características próprias e vão oferecer diferentes aromas e sabores de acordo com o terroir também.

Por isso, à medida que você conhecer cada um deles, vai conseguir distinguir no paladar suas sutilezas e pontos fortes.

Para começar, entenda as diferenças entre as espécies arábica e robusta. Depois, conheça as variedades de cada uma delas.

Café arábica X Café robusta

Produtor segura grãos de cafés em suas mãos. Foto: dimarik  de Getty Images - Canva.

Quando se fala em café, qual o principal composto químico vem à sua mente? A cafeína, certo? Pois é exatamente ela a responsável por uma das maiores diferenças entre os tipos de café produzidos no país.

Os grãos de café arábica possuem menos cafeína (média entre 8% e 1,4%) que o robusta (média entre 1,7% e 4%). Por outro lado, os níveis de açúcar no arábica são mais altos que no robusta, entre 6% e 9% contra 3% a 7%. 

Além disso, os óleos presentes nos grãos de arábica também são mais concentrados que no robusta, chegando a 17% no total. Enquanto nas variedades de café robusta, esse índice chega a 12%, no máximo.

Mas o que isso representa no sabor e aroma do café que vai na sua xícara?

Os grãos de café arábica vão resultar em uma bebida mais suave, ligeiramente mais adocicados, não precisam de torra intensa e vão trazer mais acidez na boca.

Já os grãos de café robusta pedem torra mais intensa e vão ser bem marcantes no paladar. Por isso, vão produzir bebidas mais fortes, de sabor marcante.

De acordo com a ciência, tanto o café arábica quanto o robusta trazem muitos benefícios para a saúde também. Além de dar energia, os compostos antioxidantes previnem o envelhecimento e podem ajudar no combate ao estresse. Mas isso quando consumido com moderação, é claro! 

Agora que já temos uma visão geral dos dois tipos de café do Brasil, conheça algumas de suas variedades.

Arábica

Frutos de café arábica bourbon. Foto: venusvi de Getty Images - Canva.

Espécie com maior relevância, o café arábica preenche mais de 85 milhões de sacas todos os anos, mais da metade de toda a produção de café no cenário mundial.

Outros tipos de grãos são resultado de mutações do café arábica ou de cruzamentos entre diferentes variedades da espécie. A seguir, conheça algumas:

Arábica Catuaí amarelo e catuaí vermelho

O café arábica Catuaí está presente em cafezais espalhados por todo o território brasileiro. Seus grãos resultam em uma bebida naturalmente adocicada.

Suas características são resultado do cruzamento das variedades Caturra e Novo Mundo.

Arábica Bourbon

O café Bourbon é mais delicado que outras variedades e possui duas subvariedades: Bourbon Vermelho e Amarelo.

Ambas dependem de um manejo correto e terroir apropriado para que a planta se desenvolva da forma correta.

Arábica Caturra

Assim como a variedade Bourbon, a Caturra também possui duas subvariedades: Caturra Vermelha e Caturra Amarela. As duas variedades entregam grãos de excelente qualidade. 

Atualmente, a variedade é cultivada quase exclusivamente em Minas Gerais, na região da Serra do Caparaó.

Arábica Topázio

Trazendo uma acidez ligeiramente cítrica, a variedade Topázio é muito usada no preparo de bebidas e geladas e drinks que levam café.

Seu sabor e características são resultado da junção das variedades Catuaí Amarelo e Mundo Novo. Ou seja, suave e adocicado na medida certa.

Arábica Mundo Novo

A variedade arábica Novo Mundo é resultado do cruzamento de outras duas variedades, Sumatra e Bourbon Vermelho.

O resultado foi um café suave mas com aromas e sabor marcantes, de alta qualidade. Os grãos costumam apresentar mais dulçor que outras variedades e passam por torra mais escura.

Apesar de serem plantas que pedem cuidados, se adaptaram bem ao solo brasileiro. Grande parte do seu cultivo no Brasil está concentrado em São Paulo e Minas Gerais.

Arábica Acaiá

A variedade mais elegante do arábica e mais difícil de encontrar, o café arábica Acaiá, também conhecido como Acaiá do Cerrado, é um café de qualidade acima da média. 

Na verdade, ele vem de mudanças que aconteceram naturalmente na variedade Novo Mundo, mantendo suas excelentes características. 

Seu nome é tupi-guarani e significa “fruto de sementes grandes”!

Robusta

Grãos de café robusta. Foto: andris rengki piciza de Getty Images - Canva.

O Robusta faz jus ao nome. Essa espécie possui plantas mais fortes e resistentes a pragas e intempéries. Além disso, seu sabor também é mais intenso.

Por isso, o custo para o produtor é mais baixo e isso reflete no preço final para o consumidor.

Conilon

Conilon é a variedade mais comum de robusta e é uma excelente representante da espécie. Afinal, possui bastante cafeína e pouco açúcar.  O Espírito Santo é o maior produtor desse tipo de café no Brasil.

Qual a diferença entre café gourmet e café especial?

Homem degusta café. Foto: visualspace de Getty Images - Canva.

Precisamos fazer um parêntese aqui. Essa é uma dúvida muito comum e para quem é leigo tudo parece ser a mesma coisa. No entanto, as avaliações para classificar um café como Especial ou Gourmet são diferentes.

Na verdade, essa separação por categorias só passou a valer a partir de 2004 quando a ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café formulou critérios a serem avaliados por profissionais da área.

Esse programa de qualidade faz parte do Programa Permanente de Controle de Pureza do Café, criado em 1989.

Qual era o objetivo? Oferecer informações confiáveis e imparciais para que os consumidores soubessem o que estavam levando para casa.

Para comparar, você já viu garrafas de vinho no mercado a R$19,90 e outras que podem custar milhares de reais, certo?

Acontece que, assim como no caso dos vinhos, o café pode ser de baixa, média ou alta qualidade. Seria muito difícil descobrir qual a categoria do produto sem essa classificação da ABIC. 

No caso do Café Gourmet, as notas variam entre 0 e 10 e para cafés especiais, as notas vão de 0 a 100. Entenda melhor a seguir.

Café gourmet

Café espresso e grãos. Foto: diego_nleite de Pixabay - Canva.

Para um café ser considerado gourmet, ele precisa alcançar uma pontuação mínima de 7,3 em 10. Se o produto recebeu nota entre 6 e 7,2, ele pode ser classificado como Superior.

Abaixo disso, com notas entre 4,5 e 6, está o café Tradicional, o mais comum no mercado. 

No entanto, se o café não atingiu a pontuação mínima de 4,5, ele é considerado impróprio para consumo e não deve ser comercializado.

Para pontuar, a ABIC avalia não só o produto, mas também a origem, a empresa e todo os processos de fabricação e industrialização do café.

Vendo assim, fica clara a importância dessa classificação de qualidade criada pela ABIC para o nosso cafezinho de todo dia. 

Café especial

Por outro lado, para um café ser classificado como Especial, ele é avaliado nos seguintes critérios: 

Para cada um deles, o produto recebe uma pontuação e pode alcançar a nota máxima de 100 pontos.

Quando pontua acima de 80, o café pode ser reconhecido como Especial. Além disso, o título é conferido à empresa pela Specialty Coffee Association.

É bom lembrar que o café especial recebe um cuidado redobrado durante o cultivo, a colheita e o processamento.

Pensando no valor agregado ao café, os produtos dão máxima atenção aos detalhes no processo para garantir constância e uniformidade.

Dessa forma, o sabor e qualidade dos cafés se mantêm independente da safra.

Cafeicultura – Do cafezal ao café espresso

Como vimos, o universo ao redor dos grãos é vasto e conhecer ou não seus detalhes acaba influenciando até a sua escolha de qual café comprar.

O modo de lidar com as plantas, o processo de colheita e manejo dos grãos, o terroir, tudo se revela no sabor que o seu cafezinho tem quando fica pronto.

Agora você já sabe que o Brasil produz dois tipos de café, arábica e robusta. Também viu que cada um deles possui diferentes variedades, com características próprias, e que são exploradas de formas diferentes pelo mercado para criar blends para todo tipo de gosto e de bolso.

E por falar em nisso, vimos também que café gourmet e especial não são a mesma coisa.

Agora, na hora de escolher os grãos, confira o tipo de café e confira se é mais amargo ou doce, seu nível de acidez e as principais notas de aroma e sabor. Dessa forma, você vai treinar seu paladar e descobrir qual o seu café preferido.