Afinal, café é fruta? Em uma roda de amigos esse assunto rendeu. Alguns tinham certeza de que é um grão, enquanto outros defendiam que é uma semente. Mas ninguém diria que o café é uma fruta.
De fato, na esfera dos aficionados, a própria expressão “grãos de café” passa uma ideia equivocada sobre a matéria prima da nossa bebida preferida.
Talvez você se pergunte exatamente isso. Então, conheça a estrutura e o processo de amadurecimento da fruta.
O café é uma fruta – Conheça sua estrutura
Basicamente, a fruta é composta por quatro partes:
- Exocarpo – A casca do café.
- Mesocarpo ou polpa – Parte docinha quando o café está maduro.
- Endocarpo – Película que envolve a semente do grão. Conhecida como “pergaminho”, ela protege o embrião e permite que o grão germine, dando vida a novos arbustos.
- Semente – Onde se encontram todos os aminoácidos, gorduras, amido, açúcares e outros componentes.
Como ocorre o amadurecimento do café
O processo de amadurecimento da fruta do cafeeiro pode levar de 6 a 8 meses após a florada, dependendo do arbusto. Nesse meio tempo, os frutos vão do verde e pequeno chamado “chumbinho” ao grande e vermelho grão cereja.
Os produtores levam meses para colher o produto da florada. Geralmente, isso acontece entre março e setembro. Confira as etapas a seguir.
Do grão verde…
No início, os frutos do cafeeiro são verdes, duros e sem graça, não exalando nenhum aroma. Além disso, possuem gosto amargo.
Se colhidos nessa fase, os grãos não oferecem toda a qualidade que são capazes de render. Ainda assim, com a torra das frutas elas ganham sabor e aromas mais agradáveis.
De acordo com especialistas, não é recomendado que a colheita seja feita caso os pés de café tenham mais de 20% de frutos verdes.
Na verdade, é no próximo estágio que o processo chega ao ponto ideal.
…ao famoso grão cereja
Para os íntimos, ele pode ser chamado só de cereja mesmo. Nesse momento, o vermelho brilhante da casca dos cafés indica que estão prontos para deixar o cafeeiro.
Diferente dos grãos verdes, a cereja, que costuma possuir duas pequenas sementes, é doce. Os açúcares concentrados durante o amadurecimento conferem sabor e aroma agradáveis.
Aliás, nessa etapa, os cafés podem tanto seguir seu caminho até nossas xícaras e canecas, quanto serem replantados, dando origem a novos pés de cafés.
E se o café passar do ponto de colheita?
Quando o fruto não é retirado dos arbustos, o café inicia um processo de auto secagem, também conhecido como senescência.
Isso significa que o café perde a tão necessária umidade. O fruto, tanto o que permanece na planta, quanto o que já caiu, fica vulnerável a infecções, comprometendo a plantação.
O que é a semente do café?
A semente é aquele miolinho do café, o famoso grão! Para se chegar ao melhor de um café, o produtor pode usar diferentes métodos para conferir diferentes aromas e sabores durante a etapa de fermentação dos grãos.
Em seguida, a secagem do café potencializa suas características e o prepara para o ponto alto do preparo de um café especial: a torra. É aqui que tudo combina para levar até você um café de qualidade.
Como é feita a torra do café?
Depois da secagem, feita em secador estático, rotativo, estufa, cama africana (terreiros suspensos) ou nos terreiros de concreto tão comuns no interior do estado de Minas Gerais, é hora da torra das frutas. Confira os processos.
Tipos de torra
Além dos diferentes métodos, existem diferentes níveis de torrefação. Dessa forma, as principais características do café podem ser ressaltadas. Normalmente, o tipo de torrefação também depende da qualidade do fruto e do seu mercado final.
Torra intensa
É comum que a fruta passe por uma torrefação intensa para camuflar problemas com o café. De fato, essa é a torrefação mais usada para os cafés comercializados no Brasil, que possuem sabor mais amargo.
Torra controlada
Por outro lado, quando o produto é um café especial, a torrefação é controlada, podendo ser clara, média ou escura. Nesses casos, cada uma delas faz brilhar um atributo do café ao invés de mascará-los.
Torra clara
A torrefação clara resulta em um café mais suave e levemente adocicado. A ideia é diminuir o sabor amargo da fruta e destacar sua acidez.
Torra média
Como o próprio nome diz, esse é o meio do caminho entre um café suave e um intenso. Como resultado, o produtor tem um café encorpado, amargo e ácido na medida certa. Mas com o dulçor mais pronunciado.
Torra escura
Agora, quando se busca uma bebida com pouca acidez e mais amargor, a torrefação escura faz o serviço. No entanto, isso não significa queimar as sementes da fruta e deixar que o queimado domine todo o sabor. Por isso, é preciso habilidade para não passar do ponto.
O que torna um café especial
Cada café especial é pensado para oferecer aromas e sabores únicos. Os grãos são cultivados, colhidos e torrados de forma a trazer para a sua xícara todas as informações que o café contém.
Aliás, a quantidade de pessoas envolvidas em diferentes processos é imensa. Ou seja, consumir cafés especiais, além do prazer de usufruir um café incrível. Também afeta direta ou indiretamente cada família ligada à indústria. Atualmente, são mais de 250 mil espalhadas pelo país.
Uma fruta e tanto
O café é ou não é incrível? É justamente sua estrutura complexa e características únicas que o tornam tão amado mundo afora. Agora que você conhece melhor a fonte, fica fácil puxar assunto durante um cafezinho com os amigos. Aliás, será que eles sabem que o café é fruta?